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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

"...ATÉ O FIM."


Perseverança é uma virtude que indica maturidade, sabedoria e distingue homens. Ser constante no que fazemos e realizar com excelência cada etapa de um todo, finalizar o processo, são desafios permanentes. O começo, impulsionado pelo combustível jovial da partida, é sempre mais fácil. No ínterim já cessou a emoção e estamos num deserto embaçados pela poeira e sequidão e ficamos míopes ao glamour do horizonte das realizações. Esse é o momento crucial e muitos desistem. O que nos resta é a esperança, que alavanca a perseverança para continuarmos em frente para sermos agraciados com a bandeirada final. O “... até o fim”, que muitos só contemplam, é um grito parturiente divisor de águas à superior dimensão. Quer chegar lá?

Deus foi o primeiro a dar exemplo de excelência. Projetou o homem e deu-lhe o mundo, os animais e demais condições à vida. Já sabia de todo o processo da existência humana: sua maldade, desobediência etc. Ao longo de séculos foi projetando as Escrituras que falam do começo, meio e fim dessa história.  Ele, o Eterno, limitou-se ao tempo por amor a esse propósito, e espera com pasciência e muito trabalho o cumprimento de todas as coisas.

No meio desse processo, na plenitude dos tempos, Jesus, o Unigênito, veio em sacrifício ao resgate da humanidade e “... amou-os até o fim.” –  Jo 13:1. Ele, sendo Deus, esvaziou-se e tomou a forma humana, semelhança de pecado, e suportou a caminhada até a morte. Como “Filho do homem” renunciou todo o direito de uma vida comum. Esperou o tempo da maturidade para manifestar-se e cumpriu sua missão com fidelidade até o fim, e fim de cruz. Ressuscitou ao terceiro dia, venceu a morte e assentou-se a destra da Majestade nas alturas. Este é o maior exemplo de determinação, renúncia e perseverança. “Disse Jesus: No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”- Jo 16.33. O Cristo viveu em excelência.

Outro referencial é o apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” –  2 Tm 4:7. O chamado dele caracterizou toda sua jornada: “Eu (Jesus) lhe mostrarei o quanto se deve padecer pelo meu nome.” – At 9:16. O início de sua carreira subjugou suas patentes, títulos e posições em função do Reino de Deus. Viveu toda uma vida de renúncia e violenta perseguição mas herdou o precioso tesouro do Todo-poderoso que é a vida eterna. Seu labor é-nos exemplo e advertência à perseverança e fidelidade.


Nós vivemos o Cronos, o tempo do homem. Somos limitados ao sistema solar, à nossa humilde percepção e compreensão da vida, à frágil composição de nosso corpo mortal que a qualquer hora pode esvair-se como fumaça. O tempo que se chama Hoje pode ser o instante final, o nosso “... até o fim”. Nossa existência é ligeira, então faz-se necessário estar vigilante a um encontro com Deus em excelência. Se jogou a toalha, pegue-a de volta. Lute. O fim está bem próximo.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

UMA VEZ SALVO, SALVO PARA SEMPRE?


São muitos os chavões que sintetizam doutrinas teológicas. Muitos são mais tradições ou paradigmas do que uma minuciosa aferição da Palavra. Afirma-se, ou simplesmente repete-se categoricamente: “Uma vez salvo, salvo para sempre!”, mas isso está longe de ser unanimidade e não creio na sua veracidade. Proponho alguns pontos à reflexão.

Primeiramente o básico: como se dá a salvação? O contexto bíblico nos informa que o homem pecou e isso gerou a morte física e espiritual; separação de Deus. Deus vai ressuscitar todo o que creu em Cristo dando-lhe um corpo eterno. Literalmente a salvação se dará no futuro, no grande dia da ressurreição  na volta de Cristo (1 Co 15). Então, ainda em vida ninguém é salvo, logo não temos como perder algo que não ganhamos! Perdemos sim é a garantia da salvação, algo muito próximo. Deixamos de nos enquadrar no pré-requisito. Concordo que às vezes a Bíblia fala como se fosse já no presente (1 Jo 5:13), mas é a força da argumentação para nos dar convicção.  Temos uma certeza ligada a uma condição: perseverar até o fim. É como alguém que recebe um bilhete de um voo que lhe garante a viagem. O bilhete foi pago por um alto preço e temos fé para guardá-lo e apresentá-lo. O Espírito compartilha esta convicção de salvação e ninguém nos arrebatará das mãos do Pai, mas Ele não é um tirano que nos impeça de trocar o bilhete pelo pecado, jogá-lo fora.

Um segundo ponto são as advertências, e o Novo Testamento está repleto delas. Mensagens que atrelam perseverança (“até o fim”) como condição para a salvação (Mt 24:13; Mc 13:13; Hb 3:6,14; 6:11; AP 2:26; 3:10). João 15 é um clássico. A palavra chave “permanecer” repete-se dez vezes e vem ligada à partícula condicional “se”. Em Apocalipse 3:5: “O que vencer será vestido de vestes brancas. De maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida”. Entre as advertências às sete igrejas, esta nos indica a possibilidade de ser riscado do livro da vida (salvação) se não vencermos (perseverar).

O livro de Hebreus é fundamental nesta discussão. A mensagem central é advertir o cristão a não se desviar com o perigo de perder-se eternamente. Todos os assuntos levantados no livro são bases para se chegar ao assunto principal que é a advertência. A chave do livro está em 2:1: “Portanto, devemos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas.” Costuma-se argumentar só em cima do capítulo 6, que é o mais enfático à perda da salvação, mas nele todo o assunto é uma constante.

Algo muito interessante também é a incrível semelhança entre Hebreus com a segunda carta de Pedro, ambos têm o mesmo cunho. Veja este texto: 2 Pd 2:20-22: “Se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, mediante o conhecimento Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo sobreveio-lhes o que diz este provérbio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: a porca lavada voltou a revolver-se na lama.” Temos então dois livros inteiros exclamando: “Cuidado! Persevera!”

Outra argumentação é sobre aqueles que apostatam (1 Tm 4:1), naufragaram (1 Tm 1:19),ou desviaram-se (1 Tm 5:15; 6:10,21; 2Tm 2:18; 1 Tt 1:14). Se alguém é um apostata, é porque um dia foi um fiel. Se está desviado, é porque outrora esteve no Caminho. Se não há perda de salvação, não há apóstata nem desviado. É uma lógica simples; um fato claro. No caso da apostasia de blasfêmia contra o Espírito Santo, o pecado que não tem perdão, o crente, em via de regra, é o único que pode executar tal afronta porque é ele quem conhece e se relaciona com o Espírito de Deus. Pode alguém blasfemar contra outrem sem conhecê-lo? Não (Jo 14:17).

Se há pecado sem perdão, e “uma vez salvo, salvo para sempre”, então esta advertência é somente para o incrédulo! Se ele pecar assim nunca poderá converter-se! Na prática, imagine quantos estão atribuindo as obras de Deus ao Diabo (pecar contra o Espírito), como foi o caso dos fariseus com os milagres de Jesus (Mt 12:22-32). Então milhares estão condenados sem possibilidade de perdão. Prefiro acreditar que este pecado é gravíssimo, imperdoável porque é praticado pelo próprio discípulo (apóstata). Este foi o caso do Diabo e seus demônios que viveram a glória de Deus face a face e o desprezaram. Temos também Ananias e Safira que “mentiram ao Espírito” (At 5:3) e foram fulminados.

Tanto para salvação quanto a santificação e perseverança dos santos será sempre necessária a volição humana, sem a qual não haveria o livre arbítrio (“imagem e semelhança”) e a reta justiça. Nesse parâmetro o homem pode sim, em algum momento antes do término de sua vida, escolher não seguir mais a Cristo. Vindo do homem, não duvide, tudo é possível. Hoje um santo, amanhã um demônio. Temos conhecido muitos assim.

Deus, num momento de iluminação pelo Espírito Santo, oferta a salvação e cabe ao homem aceitá-la. É condição sine qua non essa cooperação para justiça. Isso é chamado de Sinergismo. Lembro que, fazer escolha, dar permissão a Deus, não é obra e não nos dá mérito salvívico. Toda glória pertence ao Senhor.
O perigo com “uma vez salvo, salvo para sempre” é que, de forma inconsciente, involuntária tende-se a baixar a guarda na guerra cristã. Um perigo crucial à própria alma e à igreja.

Faço minha a advertência de Hb 6: 4-8. “É impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro, e depois caíram, sejam outra vez renovados para arrependimento, porque de novo estão crucificando para si mesmos o Filho de se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada, e perto está da maldição. O seu fim é ser queimada.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

“INESCUSÁVEL!”

 “... o qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus próprios caminhos. Contudo, não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas do céu, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações.” At 14: 16,17.
                                                                                                                              
         Na sublime e complexa tarefa de criar um ser autônomo, com livre escolha, “imagem e semelhança”, Deus confronta-se com o paradigma de ser absolutamente santo, reto e ter que relacionar-se com a criatura, limitada e ainda por decidir o horizonte de seus atos, seu comportamento, luz ou trevas. Ele, como o Grande Juiz, tem que impetrar ao ser criado um justo juízo por suas ações. Foi pensando nessas possibilidades que preparou condições propícias para que o homem pudesse balizar claramente quem é Deus, quem é ele mesmo e qual o caminho da verdade. Ao longo da história, o Criador deu todas as evidências necessárias para o homem tomar as decisões acertadas rumo à vida, e em um possível juízo e condenação o mesmo seja inescusável.
No texto acima, Paulo, conhecedor da história, nos ensina que Deus permite que os homens, as nações trilhem seus destinos com liberdade de escolha. “Contudo” não deixou de dar as evidências necessárias de sua existência, seus retos valores, seu Reino. Ao mesmo tempo que Deus cria um ser livre mostra também as implicações de todas as suas decisões, o fruto de cada escolha. Alguns versos antes de nosso texto, os homens, perversamente cauterizados, queriam sacrificar a Paulo, adorar a criatura ao invés do Criador. Algo abominável, mas se repete ainda hoje.
Podemos também depreender do texto que a manifestação de Deus se dá nas dádivas da abundante fartura que nos proporciona a natureza criada: o plantar, colher, mantimentos que nos enchem o coração de alegria. Com um pouco de reflexão e bom senso percebe-se que por trás da criação há um Criador, um ser inteligente, bondoso e misericordioso. Esta revelação já é o bastante para se render a Deus.
A árvore do conhecimento do bem e do mal em Gênesis, as bênçãos e maldições em Deuteronômio, entre outras passagens, nos deixam bem cientes que estamos numa caminhada progressiva que remete a uma bifurcação vital, mas bem sinalizada. Não tem uma terceira opção, um meio termo, ou eximir-se da escolha de uma direção em detrimento da outra. Deus nos orienta a seguirmos o caminho da vida, mas nos deixa livres à Grande Decisão.
Tenho dois filhos, como pai entendo como funciona esse processo. É uma analogia perfeita o contexto familiar. Meus filhos estão entrando na idade da razão, faço o melhor para lhes indicar o Caminho. Dou as condições de um ambiente favorável, mas a decisão final será deles. Chegará o tempo que voarão com as próprias asas, tomarão suas escolhas e colherão o fruto devido.
Falamos aqui da Revelação Geral. Acontece através da glória que se manifesta na criação e nos testemunhos que Deus deu de si mesmo em vários lugares e épocas oportunas. A Revelação Específica veio na encarnação de seu Filho Unigênito, projetada através de Israel que tem uma história singular. Um Estado que teve como embrião uma caminhada compartilhada com o divino. A partir daí, na plenitude dos tempos, surge o Messias prometido e esperado que vem ao mundo tornar-se a figura central das épocas. Sua palavra, sua obra e sua pessoa marcam de forma definitiva a revelação de Deus à humanidade. Estamos cercados de uma grande nuvem de evidências, não há como negar, ser isentos de responsabilidade. Somos indesculpáveis.
Todos os dias, tomamos centenas de decisões. Até para mover um dedo optamos. Precisamos usar a inteligência que nos foi dada, o bom senso, o discernimento para separar o vil do precioso. Deus nos deu uma vida, e por mais efêmera que seja temos todas as condições para decidirmos onde será nossa eternidade. Essa é a Grande Decisão. Quando o Juiz sinalizar “game over” fecham-se os portões, o jogo da vida finda. Já está decretado o veredito: a morte ou a vida que se revela pela postura que assumimos na jornada terrena.
A Bíblia diz que o Espírito nos convence do pecado, da justiça e do juízo. O papel dEle é convencer, o nosso, responder. Caro leitor, se sente-se envolvido nesta esfera de iluminação, acaba de contemplar a Bifurcação. A minha oração é que torne ao Caminho que revela a luz e conduz à eternidade: JESUS.


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

DEUS E REI?

Rejeição é um dos sentimentos mais assombrosos que podemos nomear. Ser rejeitado por alguém, principalmente por quem mais deveria nos amar é avassalador, imensurável. Há dois momentos que foram uns dos mais tristes nas páginas das Escrituras Sagradas. Momentos estes que o homem rejeita a Deus como Rei e entra nos trilhos da rebelião e independência. Vejamos.

“Estás velho, e teus filhos não andam nos teus caminhos; constitui-nos um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações. Porém essa palavra não agradou a Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos governe. Então Samuel orou ao Senhor. E o Senhor respondeu: Ouve a voz do povo em tudo que dizem, pois não rejeitaram a ti, mas a mim, PARA EU NÃO REINAR SOBRE ELES”. - 1 Sm 8:5-7.

Nesse tempo Israel tinha o Senhor como Deus e Rei. Eram os juízes que governavam sob a orientação divina. Uma Teocracia eficaz. O povo aproveitou de uma situação problemática para exigir um rei igual a todas as nações. Como leitor, percebo uma profunda esfera de rejeição nesse pequeno texto. Deus entristeceu-se por isto, e mais ainda por ver o homem tomar atitudes que iriam se voltar contra ele mesmo. A partir daí o Criador deixa de ser Rei, agora é só Deus e Saul é dado como rei. Tempos depois, por causa da idolatria e pecados Deus também é rejeitado como o Deus de Israel, e o povo vai cativo a Babilônia.

O outro texto é quando Pilatos está julgando Jesus e o apresenta à multidão:” Eis o vosso Rei. Mas eles gritaram: Fora! Fora! Crucifica-o! Perguntou-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso Rei? Responderam os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César.” - Jo 19:14-16. Imagine o próprio Criador sendo blasfemado, injuriado e condenado por calúnias infundadas. Deus é muito paciente para tolerar toda essa afronta. Mas Ele tem propósitos eternos que são maiores que qualquer rejeição.

Diante disso é bom darmos uma checada e ver quem é Deus em nossas vidas. Ele é Deus e Rei? Apenas Deus? Nenhum nem outro?  Verdadeiramente crer é tê-lo como como Deus e Rei.   O governo de Cristo é maravilhoso e paradoxal: “Já não vos chamo mais de servos, mas de amigos”   –  Jo 15:15. Bom termos um Rei assim, não? Trata-nos como amigos. E: “Todo aquele que quiser tornar-se grande, seja vosso servo.” -  Mt 20:26. Jesus serviu como ninguém a humanidade, morreu para nos salvar. Ótimo ter um Rei exemplo de serviço e amigo.


Nossas atitudes no dia a dia mostram facilmente se estamos repetindo a história de Israel, ou se verdadeiramente  amamos o Criador. Mais que um Deus figurativo, ou nem isso, Jesus quer governar nossa vida por inteiro. Ser Deus e Rei.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

"Todo mundo faz!"


 Com certeza, você já ouviu alguém usar esta espressão: todo mundo faz, para justificar alguma atitude errada, ou no mínimo polêmica. Esta é a filosofia que paira na mente da maioria: Se todo mundo está fazendo algo, independente do que seja, torna-se padrão aceitável por que é comum a todos. Muitas vezes não é nem a maioria, mas um grupo considerável e generaliza-se, arredonda-se para “todo mundo”. Mas será mesmo? “A voz do povo é a voz de Deus”? O grande poder das massas, da maioria é suficiente para legitimar comportamentos de qualquer natureza em verdades absolutas? Até o que era dado como imoral pode vir a ser certo, moral? Não existe moral absoluta? Todo comportamento humano é relativo?
Preocupa-me quando vejo alguém dar início a uma fala com estas palavras: “Todo mundo faz...”  pela lei natural da própria consciência, que não devemos fazer para os outros o que não queríamos que fizessem a nós, já se estabelece muitos padrões imutáveis. Não é o simples fato de todos estarem fazendo que justifica-se qualquer comportamento.
Expressivo é o poder que tem a opinião das multidões, os conceitos massificados. Ir de encontro à imensa maioria é como nadar contra uma forte maré. Alto é o preço em obedecer à consciência, de seguir valores morais dignos. Muitas vezes somos taxados como conservadores, puritanos, fundamentalistas. Temos que fazer o certo por amor ao próximo e a Deus. Deitar a cabeça no travesseiro e dormir o sono do justo não tem preço.
Estava no meio de uma grande roda de colegas e veio à tona o assunto abstinência sexual pré-nupcial. Falei que sou a favor e o quanto considero importante. Logo alguém citou: “99,9 % da população não se abstém para o casamento”. Nas entrelinhas deixava claro que é algo ridículo e alienado esse conceito, mas ao passo que por séculos não era. Não fui tão a fundo à discussão, mas é óbvio que num país de maioria cristã, mesmo que muitos não sejam fiéis a este princípio,  e outras religiões ou simplesmente pessoas com esse valor, 99,9% é um exagero. Mais o que estamos discutindo aqui é que não importa o que a maioria faz ou pensa, mesmo que seja 100%, isso não valida um conceito. Muito pelo contrário, se a grande maioria está indo em uma só direção é bem provável que seja equivocada. É a história do caminho largo e o estreito.
Adquirir produtos piratas, suborno, mentir, levar vantagem, sexo livre, sexo sem limites, faltar com a palavra são uns dentre vários assuntos que se relativizaram ancorados no “todo mundo”. A voz do povo fala mais alto que a razão, a justiça, e até mesmo Deus.  O homem encontra subterfúgio para suas práticas equivocadas na grande massa. Na cumplicidade com o povão achou-se o meio para legalizar o imoral.
Mas frente ao “todo mundo” temos como encontrar um porto seguro? A fonte da verdade? O Criador é resposta. Ele nos fez e sabe o que é o melhor, e revelou-se para o homem através de seu Filho que dizia ser a própria verdade: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Jo 14:6.
 “A voz do povo é a voz do Diabo” parece mais adequado. A partir de agora rechace essa voz de sua mente: “Todo mundo faz!”
Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Jo 8:32

quinta-feira, 30 de agosto de 2012


                        Sinergia, sine qua non à vida.
                 
 AlbanísioRibeiro                                             
                                                                                                                  
Sinergia é um conceito acadêmico e indica o somatório de múltiplas forças, ou substâncias, para alcançar um fim, onde a particularidade de cada uma é indispensável para que o todo supere a soma das partes. O uso de uma força x, e especificamente uma y é conditio sine qua non ao propósito final. Na vida não é diferente, somos naturalmente interdependentes. Há muitas situações em que a sinergia, ou o sinergismo é condição crucial à harmonia da existência.
Essa parceria de forças por um propósito maior se dá também no sentido vertical, no relacionamento com Deus. Na Teologia, o Sinergismo está muito ligado a salvação - regeneração ou novo nascimento - onde o Espírito Santo ilumina, convence e chama, e o homem, sem mérito, mas com vontade própria, responde. Esse também acontece na santificação, nas decisões da vida, no conhecimento do Altíssimo, na prosperidade, oração, evangelismo e em muitos outros pontos Sempre haverá a parte que cabe a um e ao outro. Deus não faz pelo homem aquilo que lhe cabe, ou mesmo o que lhe ordena. A criatura tem livre escolha, não é um robô, e Deus não é um tirano ou um pai irresponsável que faz tudo pelos filhos.
Na esfera horizontal, a humana, a aplicabilidade dessa prática é quase que rotina. Mas é bom que tenhamos um crivo bem definido da real necessidade e benefícios dessa cooperação. Na vida conjugal, familiar, nos relacionamentos, na comunhão, no trabalho temos que nos submeter a esse processo fantástico e enigmático da sinergia. Não somos uma ilha, e se persistimos como tal vamos ficar nanicos num egoísmo descabido e tolo. Vale a pena abraçar o outro, interdepender, interagir, somar, entrar nessa cumplicidade em prol do coletivo e alcançar a excelência. Sempre o resultado da soma vai ser maior do que nos diz a razão matemática.
Em João 17:23 diz: Eu (Jesus) neles, e tu em mim, para que sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste como também amaste a mim. Cristo quer restabelecer ao homem a comunhão que foi perdida, para isso seus discípulos precisam caminhar no mesmo propósito, somando forças, em unidade, para que o mundo perceba o amor de Deus e o glorifiquem como tal.
Absolutamente o sinergismo é um mistério, uma verdade e uma necessidade.
Pense nisso!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012


O MAIOR DOS PECADOS

Se não credes que Eu Sou, morrereis nos vossos pecados.
 João 8:24b
AlbanísioRibeiro

Pecado significa transgressão de lei, e especificamente seu teor religioso, algo que desagrada a Deus. Toda e qualquer transgressão irradia à humanidade, e é por isso que o Grande Juiz não deixa impune qualquer pecado. Na escala dessas transgressões, temos o mais grave aos olhos do Todo Poderoso que é a negação da natureza de seu próprio Filho.
No nosso texto de cabeçalho acima, Jesus cita esta palavra de advertência aos que estavam no poder máximo da religião. Mais uma vez Ele adverte para que creiam nele como Deus. Não só no capítulo oito, mas em todo o evangelho de João, Jesus ensina explicitamente sobre sua natureza divina, usa muito a expressão "Eu Sou", bem conhecida do Judeu, que é exclusiva do Deus Jeová. Jesus intitular-se assim soava como blasfêmia, e por conta disso tentaram matá-lo várias vezes, só conseguindo no momento destinado, na sua paixão (Jo 5:18,  8:59, 10:31, 19:7).
A divindade de Cristo, o Eu Sou, era, e é o ponto chave aos homens. Crucial. O grande obstáculo a ser superado. Para aqueles que o rejeitavam era blasfêmia, e o crucificaram. Aos que amavam a Deus, essa era a chave do Reino. Magnífica e desafiadora essa verdade, mas um risco de vida. Nos nossos dias a coisa não é diferente. A fé em Cristo obrigatoriamente gira em torno de sua real identidade. Quem é Jesus? Deus. Todos falam que acreditam em Jesus, mas quando julgamos sua natureza, que ele é o próprio Deus que se fez homem, a coisa complica, nasce uma bifurcação. Separa-se o joio do trigo. Identifica-se o verdadeiro discípulo.
Negar Jesus é um caminho pouco tomado pelos céticos. Não é sábio. Os adversários de Cristo não o negam, mas tampouco reconhecem sua divindade. Um insulto maior? Certo que sim. Jesus é o maior homem da história? Sim. Jesus foi um grande líder? Claro. Um sábio? Sim. Um ser iluminado, um pacificador, um filósofo, um grande profeta... Eles reconhecem tudo isso e muito mais. E estão corretos. Mas o que Jesus mais defendeu de si mesmo foi a sua natureza igual a do Pai: Eu e o Pai somo um; Eu sou a ressurreição e a vida; Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; Quem tem sede venha a mim e beba; Antes que Abraão existisse Eu Sou. Esse é o ponto! Sua deidade.
Quer saber se está caminhando com a verdade? Seja sua religião, filosofia, ou na sua própria história de vida? Jesus é suficientemente Deus em sua vida? Se Cristo não é suficiente para você, mas precisa de um adendo qualquer, é por que o Cristo que você crer não é o Bíblico. Jesus é Deus, e por isso ele é completo para o homem.
Rejeitar Jesus como Deus é o maior dos pecados. Esse tem sido o grande dilema, enclave aos sábios orgulhosos deste mundo. Parece simples, mas é a verdade. É assim a sabedoria de Deus, loucura para o homem. Não existe nem uma obra, nem uma espécie de bondade, de religião, de paixão humana, de amor fora dessa verdade. Se a criatura rejeita a verdadeira essência de seu criador como poderá fazer algo fora disso? Tudo perde o sentido. Já abraçar a verdade, submeter-se a ela, é o abrir de uma comporta para outra dimensão. É tirar a venda dos olhos. Um mundo que se inicia com um novo nascimento e que jorra para uma vida sem fim, eternamente com o Pai.
Livrar-se desse pecado nos proporciona perdão compulsório para os demais.  Mas, partir deste mundo com esse peso na bagagem é o pior de todos os males. Jesus advertiu: Creia que Eu Sou!!!

Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho não tem a vida. (I Jo 5:12)

terça-feira, 3 de julho de 2012


TATUAGEM VIVA

Albanísio Ribeiro
Um jovem estava passando um acentuado conflito devido a vários fatores que envolvem o processo de amadurecimento e transformação à fase adulta. Sabe o oleiro trabalhando um vaso, e em determinado momento tem que desfazê-lo, quebrá-lo, para refazê-lo novamente? Esse era o contexto que nosso personagem se encontrava, no miolo do furação  das mudanças que a vida exige. Ele arrazoava estar existencialmente abandonado, apesar de muitos amigos. Mesmo sem saber, carecia dum toque especial, algo acima do que pode oferecer o universo humano.
Era um dia comum, uma tarde comum, ele se encontrava no quarto deitado em sua cama, sentido e refletindo sobre tudo aquilo, uma dor na alma e muitos questionamentos sem respostas. Conflitos internos tão profundos e complexos que não tinha ninguém, mesmo que compartilhasse sua dor que o entendesse e o ajudasse. Uma crise solitária e perversa. 
De repente, como um passe de mágica, a porta do seu quarto abre-se e entra um rapaz, de feições simples, com um livro na mão, aberto, um pequeno verso grifado e diz, mesmo sem ter dado um “boa tarde!”: Leia e medite. Um recado do alto para tua vida. Da mesma forma que entrou, saiu. Rápido e direto, sem qualquer outra pretensão.
Perplexo com aquela situação, curioso com o “recado do alto”, foi ler: Vê, nas palmas das minhas mãos ti gravei. Você está sempre na minha presença. Que leitura maravilhosa! O texto saltou à sua vista. Sentiu-se como quem foi agitado. Ouviu dentro de si: “Ei, você não está só! Estou contigo! Sei de todas as tuas aflições, dores e conflitos. Velo por ti vinte e quatro horas.” Algo extraordinário.
O nosso amigo ficou impactado com o acontecido. Quando se sentia mais abandonado, foi pego de surpresa, e essa mensagem agitou sua estagnada alma. Foi como um bálsamo para curar e aliviar sua dor. Por um breve período sentiu-se o centro do universo. Que sensação inusitada e refrescante. Maravilhoso!
No dia seguinte, andando meio sem destino pelo centro da cidade, em meio a uma multidão, ainda com conflitos em recorrência, entrou quase sem querer numa loja de roupas usadas. Sem pretensão, foi olhando várias camisetas enfileiradas de uma sessão. Como que outro passe de mágica abriu um espaço entre elas e deu de cara com uma mensagem muito forte estampada numa camisa preta: Um desenho bem trabalhado, cheio de detalhes, de uma mão em cima de um madeiro com um prego cravado nela escorrendo um sangue vermelho vivo. Escrito em forma de sangue escorrendo: I have engreved you on the palms of my hands. Is 49: 16 (Eu tenho gravado você nas palmas das minhas mãos). Agora, mais do que nunca, fica sentenciada a veracidade da mensagem. Foi perseguido e achado novamente por aquela insistente palavra.
Albanísio Ribeiro

Mudando o enredo para primeira pessoa, o próprio narrador que vos escreve esta pequena história é quem viveu a situação. Sou o jovem personagem que passou por esse conflito e fui impactado por Deus na sua implacável perseguição amorosa. Guardo cuidadosamente há 16 anos essa blusa que comprei num brechó de roupas usadas vinda da América por apenas R$ 1,99 em Fortaleza. Esse é um depoimento vivo que carrego comigo: Deus se relaciona de forma peculiar com o homem.
Nunca vi tatuagem na palma da mão. A sensibilidade e dor são muito grandes. Também é sempre visível aos olhos, usamos as mãos o tempo todo, podendo vir a enjoar da arte. Deus não se incomoda com a dor, entregou seu próprio filho na cruz, e nem enjoa de nós, sua maior arte. Guarde isso no coração, você também está cravado nas palmas das mãos de Deus.

quarta-feira, 27 de junho de 2012


“Pecadinho, pecadão”
AlbanísioRibeiro
Muitos são os clichês evangélicos espalhados por aí em forma de verdade, mas quando mergulhados à luz da Palavra, os observamos de forma cristalina, e percebemos o quanto temos de mitos populares em nosso meio. Diz-se que “Não existe pecadinho nem pecadão”. Mas será isso mesmo? O pecado não é mensurável? Um crime do tipo hediondo pode se equiparar a não cumprir com a palavra, ou furar uma fila?  “A voz do povo é a voz de Deus”, perigoso isso.
Quando ouço esse jargão: “Não existe pecadinho nem pecadão”, tento considerar o que se quer dizer: Independente do tipo de pecado, pecado é pecado; uma transgressão da lei; algo que afasta o homem de Deus e o conduz a perdição. Dá até para relevar se o espírito for esse mesmo. O problema é que essa coisa distorcida nos leva a um erro teológico perigoso. Não podemos achar que não existe diferença entre pecados quanto sua gravidade, consequência, e punição.
No próprio Direito, o pecado, que significa transgredir leis (1 Jo 3: 4), crime, ato infracional, tem diferenciação. Os crimes hediondos são os mais graves, e com repercussão social extrema, e tem que ser julgados e penalizados com o maior rigor lei. Da mesma forma também existe crimes mais brandos, com consequência menores, mas que não deixam de ser infração do mesmo jeito. A Bíblia é um livro de Direito.
Na ocasião de seu julgamento (Jo 19), Jesus falou para Pilatos que Judas tinha maior pecado do que ele por o haver traído. Pilatos, o juiz, tinha que ter soltado Jesus por que viu que era tudo uma armação invejosa dos judeus. Ele acovardou-se diante da pressão e o sentenciou a crucificação. O pecado de Judas era então maior: “Aquele que me entregou a ti maior pecado tem.” Fica evidente que existe diferença entre pecado, e a Lei Mosaica sistematiza o assunto também.
Pecado é sempre pecado, mas tem o que poderia ser chamado "hediondo" na esfera espiritual: A blasfêmia contra o Espírito Santo. Esse não há perdão. “Portanto vos digo: Todo pecado e blasfêmia se perdoarão aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada.” Mt 12: 31. Apesar da controvérsia, em via de regra, creio que só quem pode pecar dessa forma é o próprio crente, por que é ele quem se relaciona com o Espírito Santo, e só assim pode fazê-lo. Por isso é tão séria essa blasfêmia.
Como conclusão, vale relembrar: Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuide para que não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana. E fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis resistir, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar. 1 Co 10: 12,13.

terça-feira, 5 de junho de 2012


 CUMPLICIDADE CONJUGAL
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... E serão os dois uma só carne.
                                                                                                                     
ALBANÍSIO RIBEIRO

Deus, depois de gerar a mulher através de Adão, de constituir a família com o primeiro casal, estabelece um princípio universal - acultural e atemporal – para o matrimônio: uma só carne - Gn 2:24. Essa metáfora nos remete a conjecturarmos muitos aspectos da interdependência no casamento. O Criador, aqui, constitui um grande fundamento no matrimônio, uma lei magna, e como toda lei é para benefício do homem, se a cumprirmos vamos desfrutar de incontáveis benesses. A execução deste estatuto é essencial para o correto funcionamento do relacionamento conjugal, que reflete para uma família feliz e uma sociedade melhor.
Todos os decretos de Deus, a pesar de não conhecermos sempre os porquês, são bons e perfeitos. Uma só carne nos faz refletir sobre unidade, coesão, união, etc. Homem e mulher, que através de um acordo, comprometem-se caminhar numa mesma direção e propósito até o fim de suas vidas. É como corpo e espírito, vivem e sobrevivem em interdependência, de fato são uma só coisa, o ser.
 Muitos não seguem, e nem conhecem o princípio da cumplicidade, separam-se em bifurcações que os distanciam cada vez mais, e em desacordo com o projeto vão colher o que plantaram: discórdia, incompatibilidade, perda da qualidade de vida, culminando num possível racha. Todo esse mal irradia e maltrata quem os circunda. Quando se vive a cumplicidade, ápice da comunhão, a vida corre como um rio perene.   Compartilhar os ideais, as dores, a simplicidade do dia a dia, as finanças como uma só, tudo isso com o foco de que se trata de "uma só pessoa", isso sim é entender e obedecer a essa orientação do Éden. Acerta-se no alvo.
Deus estabeleceu a forma, e sua ação, sua presença, se torna eficaz quando encontra uma terra preparada, fértil. Quando o casal vive nessa sabedoria, compartilhando a caminhada, naturalmente as coisas vão melhor. Espiritualmente falando então, o Espírito Santo regozija-se muitíssimo e derrama suas bênçãos. Coisas que estariam em oculto, por haver unidade, são manifestas parte a um, parte a outro, até completar-se mutuamente.
Esse princípio tem que acontecer em todos os tipos de convivência. Na família e na igreja é um critério ímpar exigido pelo Pai. Ninguém vive sem depender do outro, não somos uma ilha. O Espírito de Deus realiza o seu querer na comunidade, mas através de cada um. Uns de uma forma, outros de outra. Mas sempre haverá essa interdependência. O salmo 133 diz o quanto é precioso a união para que ali seja derramada a bênção e a vida. Esta verdade pode funcionar numa empresa, escola, comunidade, etc., qualquer ambiente onde haja vivência humana.
Tentei eximir-se, mas não tem como. Falando de causa própria, tenho vivido essa realidade com minha esposa. Costumeiramente, temos sempre o nosso tempinho de compartilhar o cotidiano. Sobretudo, temos momentos mais específicos tratando assuntos diversos: vida espiritual, sexualidade, atualidade, Deus e muito mais. Se não transitarmos no mundo do outro, nos distanciamos. É incrível como o Espirito se alegra quando vivemos assim, e de repente, do nada, Ele traz revelações profundas e fortalece nossas almas e razão. Sou grato pela vida de Edilane, ela é um canal de ensinamento. Aprendo e dependo muito dela. Esse mesmo artigo, diria que foi gerado nessa cumplicidade conjugal.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Comunhão Nuca                                                   

Albanísio Ribeiro

A nossa forma de comunhão
   O ar que respiramos à manutenção da vida está para a comunhão dos santos na sustentação orgânica da igreja.  Por conta da busca desmedida do crescimento, prosperidade, o ativismo, o pragmatismo religioso, o estilo de vida utilitarista, a noiva de Cristo está gravemente enferma, arquejando, apesar de sua aparência suntuosa e triunfante. A comunhão, bem diferente da neotestamentária, praticamente se resume nas reuniões congregacionais, sentado atrás do irmão visualizando sua nuca, e o pastor, ao fundo, entrincheirado no púlpito, gabinete, reuniões, livros, programações, programações, programações... mais empresário que apascentador de ovelhas. Termina o culto, trocamos meia dúzia de palavras e nos despedimos com a ‘paz’, voltamos para nosso casulo, mundo imperceptível e desconhecido. Esse raio x diagnóstica a síndrome da impessoalidade abatendo o corpo de Cristo.
   Como seres humanos, carecemos de vida social, de relacionamentos. Nascemos, crescemos e morremos em família, em coletividade. Muitos não vivem essa naturalidade, sofrem por não compartilharem vida, e é aí que surge o protagonismo comunitário da igreja como bálsamo. Essa é uma das facetas do plano de Deus para nos proteger, a comunhão familiar, seja a natural ou a espiritual. Como cristãos, com suas exceções, estamos perdidos neste quesito. 
   Algumas igrejas, almejando sair da UTI, estão tentando resgatar a comunhão, uma oxigenação nova para continuarem vivas. Grupos pequenos, células, igrejas caseiras, vida comunitária, cultos menos sofisticados e informais são alternativas para alcançar à simplicidade que há em Jesus e uma luz à saída dessa impessoalidade letal. Estão mudando de mentalidade, valorizando as relações individuais.
 Todo o ministério de Jesus, por exemplo, foi no corpo a corpo, de tempo integral. Era no dia a dia, nas oportunidades cotidianas que Ele manifestava sua glória, seu discipulado. A vivência em relacionamentos é uma terra fértil à ação do Espírito para cura, libertação, ensinamento, gozo, crescimento, salvação e muitos outros benefícios do Reino. Aquilo que aconteceu em atos 2. Percebe-se um gemer silencioso do povo almejando relacionamentos. Uma carência emocional afetiva crônica.
   O culto congregacional tem o seu espaço e valor. Os grupos pequenos também não podem transformarem-se em mini cultos igrejeiros. Temos que ter sabedoria e sensibilidade para transitarmos em qualquer ambiente valorizando o indivíduo como um ser e não uma simples estatística.
   Essa comunhão de nuca face, nuca face orbita na impessoalidade que encontramos num mundo alheio a Deus. O Reino do amor é face a face, olhos nos olhos, compartilhando os universos individuais e fortalecendo a vida. Mudar este paradigma é preciso, e comunhão nuca, nunca mais.

terça-feira, 8 de maio de 2012


REENCARNAÇÃO X RESSURREIÇÃO

Eu sou a ressurreição e a vida...  Jesus (Jo 11:25)
Q
uando o assunto é vida após a morte, reencarnação e ressurreição são os parâmetros mais difundidos. Mas qual é o verdadeiro? É possível aferi-los através de suas origens, lógica, quem os estabeleceu, etc.? Embora escrevemos em forma de artigo, conciso, vale a pena o esforço para discernir este tema, tendo em vista sua importância crucial: a eternidade.
De forma simples e direta, reencarnação é viver várias vidas. O nosso espírito entrando e saindo de corpos humanos, e através desse processo busca um aperfeiçoamento espiritual. Segundo Alan Kardec, principal idealizador do espiritismo, o tão esperado Espírito Santo, prometido por Jesus, veio através dele para revelar esta doutrina (Kardec, Alan. Livro dos Espíritos).  Já a ressurreição é viver uma vez só e depois ser julgado pela aceitação ou não do sacrifício expiatório de Cristo. Uma única oportunidade. Essa doutrina só encontramos no Cristianismo e foi formulada pelo próprio Jesus de Nazaré, e pelo seu mais expoente apóstolo, Paulo de Tarso, compilado no capítulo 15 de sua primeira carta aos Coríntios (1 Co 15).
A premissa fundamental é que esses conceitos são antagônicos e que só existe um em detrimento do outro. Ou se vive uma vida só e somos julgados por ela, ou vivemos várias vidas até o aperfeiçoamento. A lógica não nos permite afirmar que possa haver um sincretismo religioso nesse ponto – aliás, por conta desse tipo de antagonismo ‘neutralizador’, o sincretismo religioso quase sempre é refutável. ‘Verdades’ antagônicas não coexistem num único sistema. Ou então Deus seria um louco sarcástico. Uma tem que ser falsa.
O Kardecismo se intitula como sendo ‘Cristão’. Mais um ponto forte a este raciocínio. Se é assim, Cristão, claramente tem que anular a doutrina da ressurreição que é oriunda da própria Bíblia. Este sistema não só tem que refutar a ressurreição como extrair argumentos para sua tese no texto sagrado. Defender esta doutrina com argumentos extra bíblicos é um ponto, mas envolver a base da doutrina cristã, a Palavra, complica muito, mas confirma meu pensar: um em detrimento do outro. Segue a lógica.
Jesus afirmou categoricamente: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá (Jo 11:25). Ele mesmo, segundo o apóstolo Paulo em 1 Co 15: 23, foi o primeiro a ressuscitar e depois seremos nós: Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Ele morreu e ressurgiu, venceu a morte através da ressurreição, teve o corpo transformado, e foi assunto aos céus. Onde está o corpo da figura mais emblemática da História? Seus apóstolos deram suas próprias vidas em testemunho dessa verdade. Quem daria a vida por uma mentira? Esses são argumentos pétreos e nos asseguram que, assim como Jesus passou por este processo, nós também vamos viver apenas uma vida e depois seremos julgados (Hb 9:27). Um detalhe, a maioria para perdição eterna.
É triste 90% dos brasileiros intitularem-se cristãos e muitos acreditarem em reencarnação. Ora, se pregamos que Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, como dizem alguns de vós que não há ressurreição dos mortos? (1 Co 15:12). Sejamos coerentes.
Albanísio A Ribeiro

sábado, 21 de abril de 2012


O CONHECIMENTO DO MAL

Todo aquele que pratica o mal aborrece a luz. (João 3: 20)

É comum ouvirmos: “não tenho nada contra";  "cada um no seu quadrado”; “ não devemos nos meter na vida dos outros”; essas máximas populares estão sedimentadas em nossa cultura por conta de um suposto direito irrestrito à inviolabilidade da vida particular. A intimidade de cada um, ou de um grupo, se não ‘violar’ a liberdade do outro, tomou ares de super legitimidade, às vezes extrapolando os limites da ética e bom senso, corroborado com o grande aval social. Tal modelo tornou-se padrão no mundo pós-moderno.
O fato é que o padrão cristão é bem diferente. Só pelo fato de se ter o conhecimento do mal, mesmo que este mal esteja “entre quatro paredes”, ou não, lacrado no suposto direito, já é objeto de má influência e multiplicação da perversidade. Seres humanos são altamente influenciáveis, para o mal então!
No nosso pequeno texto acima, Jesus é enfático: quem pratica o mal é contra a luz. Não importa quão secretamente e pessoal seja a prática, só em exercê-la já agride à justiça. Outro texto reforça a mesma idéia: Quem não é por mim, é contra mim, e quem comigo não ajunta, espalha. (Mt 12: 30). Não tem meio termo, qualquer transgressão à lei é uma agressão, em última análise, à humanidade.
Certa feita, para se extinguir o mal, Deus teve que aniquilar quase por completa a raça humana. Outras vezes, cidades, povos, crianças, mulheres, animais, etc. Estranho não? Mas foi. Às vezes o bom remédio é amargo. É o preço da purificação. Até a memória do mal tem que ser apagada para que não tenha nenhuma possibilidade de germinar rebento.
Até aqueles que têm luz sofrem pressão por conta desse conhecimento. Bom seria se não conhecêssemos o mal. Como uma criança. Por isso não devemos ser curiosos. Esse foi o grande dilema na queda do homem: curiosidade do mal – é claro que instigado. Após saciar-se, tornou-se conhecedor não só do bem, mas agora do mal. Todo este conhecimento, suas emoções, registros, ficam impregnados para sempre na mente, na carne, no espírito, surge então à luta: razão x emoção. Àquela querendo agradar à luz, esta, satisfazer o ego.
A psicologia afirma que o grande crescimento da pedofilia se deve à maciça divulgação na mídia dessa prática criminosa. Antes se conhecia muito pouco sobre o assunto, sobre o termo. Quanto mais se fala, mais se conhece, mais se multiplica. Aqueles que já estão pré-dispostos ao mal são presas fáceis. Este é um exemplo real e atual.
Temos que lutar contra essa idéia: “o que faço com minha vida é problema meu”, mesmo que seja algo que só prejudique diretamente o ator. Qualquer coisa que se faça no particular repercute no coletivo. O homem é um ser social. Esta influência trabalha sutilmente no subconsciente, transforma os valores, habitua o homem com o mal, e o errado toma o lugar do certo.
O pecado, mesmo que em oculto, um dia se manifestará, e quando acontece tem um efeito atômico. Irradia de forma invisível e avassaladora, aborrecendo à luz, ao próximo e ao Criador.
Certamente o teu pecado te achará... (Nm 32: 23).

Albanísio A. Ribeiro

sexta-feira, 30 de março de 2012


Eu, santo ou pecador?

No meio evangélico, a resposta para essa pergunta é ambígua. Por um lado, nunca proclamamos que somos santos, mas teoricamente afirmamos que somos; por outro, alardeamos com todas as letras que somos “pecadores”, porém, Jesus nos purificou de todo pecado. Que confusão! Afinal, santos ou pecadores? O que realmente a Bíblia ensina?
Sem delongar, sabemos que a definição bíblica para santo é separado. Separado por e para Deus. Nas Escrituras, capa a capa, exaustivamente o povo de Deus é qualificado como santo. Não se vê o nascido de novo como “pecador”. Se você foi remido pelo sangue de Cristo, todos os pecados apagados, vive para Ele em santidade de vida, em comunhão com Deus, logo você está santificado. Não há outro caminho, não tem constrangimento ou engano que nos tire isso. Não é presunção, altivez, ou tolice, mas é só o que a Bíblia afirma. Se há uma carga espiritual, social/histórica, semântica que diz o contrário, que só é santo aquele que viveu piedosamente, operou maravilhas, foi canonizado, etc., isso tem que cair por terra. Vale é que o Pai diz e nos dá como mandamento: “Sede santo porque eu sou santo” (1 Pd 1: 16). Deus não nos daria uma “missão impossível”. É atingível. Real.
Nosso outro termo: pecador. O adjetivo dá uma qualidade contínua ao ser. Significa viver na prática conformista e consciente de atos pecaminosos. O crente pode vir a pecar, está sujeito, como diz em 1 Jo 2: 1  “Se, porém, alguém pecar...” dois termos de condição, possibilidade: “se”, “porém”. A redundância enfatiza. João aborda o assunto e diz que pecador é quem vive na prática do pecado, logo não é santo. Esse equívoco pode ser por conta da confusão por causa da tentação. Não confunda, tentação não é pecado e nem obrigação. A tentação nos indica que podemos estar inclinados, fracos na carne, e por isso devemos estar sempre alertas e fortalecidos em Deus. O próprio Jesus “foi tentado em tudo, mas não pecou jamais”.
Outra pontuação relevante é que o pecado nos separa de Deus, entristece o Espírito, tira a nossa alegria. Somos convencidos disso pelo mesmo Espírito. Davi nos relata sua própria experiência com a sequidão do pecado no Salmo 32, e possivelmente já vivemos isso. Para quem nasceu de novo pecar dói. Se sentir longe de Deus dói no profundo da alma. Se você não está com estes sintomas da enfermidade do pecado então está em plenitude de santidade.
Historicamente está impregnado em nossa mente que somos pecadores e não tem jeito. Fala-se que temos uma natureza pecaminosa. Se é verdade, então não temos culpa, nascemos assim. A responsabilidade não é nossa. Não existe dolo. Pura lógica. Mas a Bíblia fala em Romanos sobre uma inclinação, e não uma obrigação natural. Também não seríamos seres morais. Pecar é uma escolha.
Ter as escamas dos olhos retiradas, os pecados purificados, viver em novidade de vida não condiz com a proclamação conformista: “somos pecadores!!”. Esta atitude é um passo largo ao inferno. É possível obedecer ao mandamento: “sede santos”. É admissível dizermos como Paulo: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo”. Somos santos procurando não pecar. Esse é o padrão!
Faço minha a saudação final de 1 Tessalonicenses 5: 27: “Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os SANTOS irmãos.”
Albanísio A. Ribeiro.

terça-feira, 6 de março de 2012

Obediência Parcial, Rebeldia




                Diligência ao cumprir à vontade de Deus é um ato de sabedoria e amor para com o Reino e para o nosso próprio bem. A obediência tem que ser bem observada para que seja cumprida na íntegra, por completa. Temos no livro de I Reis 13 o caso de um homem de Deus, não citado o nome, que não obedeceu integralmente à ordem específica de levar uma mensagem de repreensão ao rei Jeroboão. O foco central da mensagem foi cumprido, mas ele pecou nos detalhes finais. Obediência parcial não é obediência. Aqui é chamada de rebeldia, e as consequências são desastrosas para aqueles que desdenham de minúcias. Eis uma forte lição dessa triste história de um anônimo e displicente servo do Senhor.
            A nação de Israel acaba de ser dividida, ao sul, Judá, reinando Roboão, ao norte Jeroboão. O povo ir adorar em Jerusalém se torna um perigo à hegemonia de Jeroboão e ele logo cria centros de adoração a ídolos. A mensagem que foi levada pelo profeta desconhecido era: “Um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que queimaram sobre ti o incenso, e ossos humanos se queimarão sobre ti” (v. 2). Logo o rei, enfurecido, estendeu a mão sobre o altar dando ordens para pegá-lo, e sua mão se secou e o altar fendeu-se. Desesperado, pediu ao homem de Deus que orasse para que restituísse sua mão e ele assim o fez e Deus o ouviu. Na sua sagacidade o rei o convidou para um banquete e o homem negou, sendo advertido previamente por Deus: “Não comerás pão, nem beberás água, nem voltarás pelo mesmo caminho por onde fostes”. Rapidamente parece estar resolvida a missão. Até aí tudo perfeito. Parece ter cumprido cabalmente e com muita audácia sua ordem de encarar um corrupto rei. Esse evento poderia ter-se findado ai, mas a missão só acabava com o retorno até Judá e por outro caminho.
            Surge na história agora outro anônimo, o ‘Profeta Velho’, que logo sabendo do ocorrido vai procurar o homem de Deus e o encontra assentado debaixo de um carvalho. Este é o primeiro erro do nosso profeta “novo”: Parou no retorno da missão a fim de folgar. O texto não fala, mas conjecturando, porque parou? Estaria ele como Jonas depois de sua missão, insatisfeito? Ficou ponderando o convite do rei? Voltaria para Judá? Achou que já estava de bom tamanho seu feito? Queria a glória para si e deixar de ser um anônimo? São muitas as possibilidades. Uma coisa é certa, ele fez como Davi quando tirou um tempo de folga no momento errado. Esse profeta velho entra em cena para o teste final do homem de Deus.
            Às vezes somos intrépidos para enfrentar os poderosos, os corruptos, os ímpios, mas quando chega aquele nosso ‘igual’, um profeta, um irmão, ou, no caso de nosso texto, um religioso experiente, barganhamos a nossa incumbência por água e comida, lentilhas e tememos o homem. Isso foi o que aconteceu com o nosso homem de Deus. Aceitou o convite e foi comer e beber na casa do profeta velho, um homem sagaz e mentiroso, igual ou pior que Jeroboão, que disse que foi o próprio Deus que o enviou. Usando de malícia desviou o profeta de sua missão. Temos que respeitar os anciões da fé, mas nem por isso deixar de observar na íntegra o que Deus nos orienta. Bom é o exemplo de Pedro: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” At 5: 29. Não temer a políticos nem a religiosos.
            O homem de Deus parou e aceitou o convite de água e pão. Temeu o profeta velho. Rebelou-se. Foi embora, e no caminho um leão o matou. Diz o texto que transeuntes viram o corpo estendido no chão, o leão e o jumento ao lado. Quando o profeta velho soube logo foi e contemplou a triste e irônica fotografia: O anônimo morto prematuramente estendido no caminho com ainda muita estrada a percorrer a serviço de Deus; um leão que já não estava mais ao derredor, Satanás, mas que foi autorizado a matar o profeta; e o jumento, que fora da lógica, não foi despedaçado, mas estava perdido sem saber a quem servir. Que essa imagem possa ser arquivada em nossa mente como o resumo dessa história e nos sirva de alerta ao nosso chamado.
Pequenos detalhes das ordens de Deus não executados podem trazer o fracasso à missão e até mesmo ceifar a nossa vida e serviço. Quando Deus fala sobre detalhes é porque Ele sabe de todas as coisas, todas as possibilidades. Principalmente àqueles que são novos na caminhada fica essa lição: cumprir à risca as ordens do Senhor e não temer homens. Era só voltar para Judá por outro caminho sem interrupção. Temos que ser diligentes, atentos, rápidos, tementes a Deus. Simples e prudentes. Tchau! Fui! Resolvido. Terminada a missão. Não olhe para direita ou esquerda, nem para trás, mas siga olhando para o alto, para cruz de Cristo.