“Pecadinho, pecadão”
AlbanísioRibeiro
Muitos são os clichês evangélicos
espalhados por aí em forma de verdade, mas quando mergulhados à luz da Palavra,
os observamos de forma cristalina, e percebemos o quanto temos de mitos
populares em nosso meio. Diz-se que “Não existe pecadinho nem pecadão”. Mas
será isso mesmo? O pecado não é mensurável? Um crime do tipo hediondo pode se
equiparar a não cumprir com a palavra, ou furar uma fila? “A voz do povo é a voz de Deus”, perigoso
isso.
Quando ouço esse jargão: “Não
existe pecadinho nem pecadão”, tento considerar o que se quer dizer: Independente do tipo de pecado, pecado é pecado; uma transgressão da lei; algo
que afasta o homem de Deus e o conduz a perdição. Dá até para relevar se o
espírito for esse mesmo. O problema é que essa coisa distorcida nos leva a um
erro teológico perigoso. Não podemos achar que não existe diferença entre
pecados quanto sua gravidade, consequência, e punição.
No próprio Direito, o pecado, que
significa transgredir leis (1 Jo 3: 4), crime, ato infracional, tem
diferenciação. Os crimes hediondos são os mais graves, e com repercussão social
extrema, e tem que ser julgados e penalizados com o maior rigor lei. Da mesma
forma também existe crimes mais brandos, com consequência menores, mas que não
deixam de ser infração do mesmo jeito. A Bíblia é um livro de Direito.
Na ocasião de seu julgamento (Jo
19), Jesus falou para Pilatos que Judas tinha maior pecado do que ele por o
haver traído. Pilatos, o juiz, tinha que ter soltado Jesus por que viu que era
tudo uma armação invejosa dos judeus. Ele acovardou-se diante da pressão e o
sentenciou a crucificação. O pecado de Judas era então maior: “Aquele que me
entregou a ti maior pecado tem.” Fica evidente que existe diferença entre
pecado, e a Lei Mosaica sistematiza o assunto também.
Pecado é sempre pecado, mas tem o
que poderia ser chamado "hediondo" na esfera espiritual: A blasfêmia contra o
Espírito Santo. Esse não há perdão. “Portanto vos digo: Todo pecado e blasfêmia
se perdoarão aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será
perdoada.” Mt 12: 31. Apesar da controvérsia, em via de regra, creio que só
quem pode pecar dessa forma é o próprio crente, por que é ele quem se relaciona
com o Espírito Santo, e só assim pode fazê-lo. Por isso é
tão séria essa blasfêmia.
Como conclusão, vale relembrar: Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuide
para que não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana. E fiel é Deus,
que não vos deixará tentar acima do que podeis resistir, antes com a tentação
dará também o escape, para que a possais suportar. 1 Co 10: 12,13.
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