Powered By Blogger

sábado, 7 de maio de 2011

EXÍLIO: LÁGRIMAS E PERSEVERANÇA

“Quando o Senhor trouxe do exílio os que voltaram de Sião, estávamos como os que sonham.A nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua de cânticos de alegria. Então se dizia entre as nações: Grandes coisas fez o Senhor a estes. Grandes coisas fez o Senhor a nós, e por isso estamos cheios de alegria. Restaura a nossa sorte, ó Senhor, como as correntes do Neguebe. Os que semeiam com lágrimas, segarão com cânticos de alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará com cânticos de alegria, trazendo consigo os seus molhos.” Sl 126.


    Na jornada da vida primamos como alvo as realizações, o sucesso, o bem-estar, a felicidade em si. Para alcançar-mos à perfeita direção, segura, certa e que nos leva ao lugar de paz, a cidade maravilhosa, temos um longo e difícil percurso de muitos desafios. É o que retrata o escritor neste salmo. Algo que o povo de Deus viveu, uma experiência peculiar à nação de Israel, que ficou setenta anos no cativeiro Babilônico e, após isso, através da destra poderosa do altíssimo, foi liberta, e retornou a sua terra amada. Voltaram e ficaram em estado de êxtase ao contemplar à terra santa, a real possibilidade de erguer os muros de Jerusalém. Com intenção ou não do salmista, fica aqui na Palavra de Deus registrado um salmo para nosso estímulo à busca da alegria e paz em meio aos exílios da vida. Uma palavra profética de “edificação, exortação e consolação”(1 Co:3). Que possamos aprender com este povo a perseverar em meio às lágrimas de uma escravidão. Vale a pena manter-se firme por um pouco para habitar eternamente numa vida de abundância.
    Muitas são as razões que nos levam para um lugar de escravidão. Com o povo de Israel aqui foi por causa do pecado. Umas das manifestações de Deus é como juiz, e como tal, ele não pode permitir a impunidade sabendo de todos os males que ela causa. Deus não pode ir de encontro ao seu caráter santo, e tem que agir como o grande magistrado que a tudo ver, e como o carrasco executor da pena. Ainda assim, Ele é surpreendente como um grande pai. Usa de todas as situações para abençoar seus filhos. Neste caso os disciplina em amor. Transforma a maldição em bênção. A Bíblia diz em Hb 12:5-8: “...Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaies quando por ele fores repreendido, porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo aquele que recebe por filho. É para disciplina que suportais a correção. Deus vos trata como a filhos. Pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos e não filhos.”
    Independente das razões que nos levam a lugares estreitos Deus quer nos aperfeiçoar. Jó em todo o seu percurso foi perfeito, mas tinha muito que aprender. Apesar de tão religioso, não conhecia Deus com profundidade. A vida humana não é diferente. Na infância, juventude e até chegarmos a maturidade, passamos por muitos sofrimentos. O preço que se paga no aprendizado é muito alto, mais vale a pena. Cabelos brancos são um sinal de maturidade e a isso se deve respeito. Existem as excessões, nem sempre idade é sinal de maturidade ou de imaturidade. Muitos chegam a verdadeiras cãs e descobrem o real caminho da sabedoria. É esse o local do “folgar”, do descanso. Foram aperfeiçoados nas lutas da vida, e agora descansam até nas maiores dificuldades. Este é o aprendizado que este salmo nos remete. Tem você passado por lugares apertados? Está preparado para a lição do Exílio? Não temos como escapar ao Exílio que nos espera. É inevitável. Temos formas sábias de amenizá-los. Muitos são os que desvanecem e não passam por etapas necessárias da vida.
    Realmente é inevitável o passar por provações. Mas a palavra nos fala para termos “grande gozo”(Tg 1:2). Parece algo contraditório se regozijar pelas lutas. Como entender a mente de Deus? É interesante saber que Ele compartilha conosco todas as aflições do deserto. Temos que adiquirir a mente de Cristo. Temos que mudar a visão. Olhar para a cruz de Cristo. Entender o que significa a “escola de Deus”.
    Quando somos inesperientes, o momento em que passamos as provas são tempos de profundo quebrantamento. Dói. Para se tornar um vaso melhor é preciso ser quebrado. Para se ter um coração de carne é penoso arrancar o coração de pedra. Alcançar a bonança, que a sabedoria nos oferta, temos uma tempestade a nos moldar. Jesus nos ensina que para entrar no Reino precisamos ser como criança. Entender isso e aceitar é o primeiro passo. O segundo são todos os obstáculos que existem em nosso coração: orgulho, presunção, egoísmo, auto-suficiência, independência, e por ai vai. Tudo que construimos, todos os conceitos, a nossa própria história, tem que passar pelo prumo divino. Muitas das vezes toda a parede tem que vir ao chão. Como Deus faz, ou permite que isso aconteça, o processo, ocorre no maravilhoso jogo da vida. Sim, é mesmo, nas próprias circunstâncias da existência é que somos aperfeiçoados. Dependendo do coração de cada um, uns mais e outros menos. Torço para que você seja quebrantado, e isso é só com você e você mesmo. Uma escolha bem articulada pela razão.“a um coração quebrantado e contrito Deus não desprezará” Esta é a chave que abre a porta da vida. A maioria não consegue obtê-la e fica do lado de fora.
    É com essa sabedoria que temos que encarar o Exílio. Vê-lo como a “escola do Altíssimo”. O lugar que vamos melhorar e evoluir verdadeiramente em direção a adiquerimos todas as ferramentas e habilidades para sermos usados com perfeição no Reino. Se almejas capacitação do céu, é aqui na terra que a acharás. Em vez de: “Deus esqueceu de mim”, diga: “Deus torce por mim”.
    Um recurso de linguagem que é usado pelo autor para elucidar o texto é a ilustração. São duas as que ele usa: as águas torrenciais de um rio e o processo da semeadura e colheita de um agricultor. É feita uma oração simples mas profunda em sua mensagem quando diz: “Restaura a nossa sorte, ó Senhor, como as correntes do Neguebe”. O vagaroso e pequeno desgelo das montanhas formava uma poderosa corrente de grandes volumes de águas. É assim o clamor que faz quando nossas forças se esvaem nos desertos. Só passando por períodos de estiagem é que aprendemos a buscar um permanente estado de força que vem do alto.
    A segunda ilustração nos fala da labuta do agricultor (“Do suor do teu rosto comerás o teu pão”Gn 3:19a) na semeadura e da alegria que virá na sega. Deus é sabedor de nossas lutas em sua escola, mas torce para que lutemos com ânimo para alcançar-mos as benesses da vitória. O tempo da colheita chegará. Ele fará o milagre do crescimento de nossa semeadura e o aparecimento e colheita de nossos frutos. Ao final, como se diz no texto, “segarão com cânticos de alegria”. O agricultor vai andando, chorando, regando com suas próprias lágrimas, mas ao final, voltará com a boca aberta cheia de risos. Na colheita, no regozijo dos frutos, é lá que temos que estar com os nossos olhos, com a nossa visão. Esta atitude, superior as nossas emoções, é que nos garante estarmos de pé no dia-a-dia até chegarmos na última hora para o “sprint” final desta maratona. Fica a lição do homem do campo e sua simplicidade e força para lutar e esperar em Deus que é a fonte de todo o sustento. Prepara a terra, lance a semente com sabedoria e força mesmo que lágrimas se confundam com o suor. Nenhuma lágrima escapará das mãos de Deus.“...Põe as minhas lágrimas no teu odre...”Sl 56:8.
    O foco deste salmo é uma injeção de ânimo para aquele que passa por um período crítico na vida. O salmista traz uma palavra profética de edificação para nós através de sua própria experiência. Temos que trilhar o mesmo caminho: de escravo sofredor a motivador de almas. Se libertar do cativeiro e reconquistar nossa herança para energizar-mos outras vidas. No tempo certo, em meio a obediência, Deus irá nos respaudar e fará que as nações digam: “Grandes coisas fez o Senhor a estes”. Deus vai te honrar na presença de todos. Vença, e um dia também escreva o seu salmo, o cântico de sua vitória e inspire a muitos.