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sexta-feira, 30 de março de 2012


Eu, santo ou pecador?

No meio evangélico, a resposta para essa pergunta é ambígua. Por um lado, nunca proclamamos que somos santos, mas teoricamente afirmamos que somos; por outro, alardeamos com todas as letras que somos “pecadores”, porém, Jesus nos purificou de todo pecado. Que confusão! Afinal, santos ou pecadores? O que realmente a Bíblia ensina?
Sem delongar, sabemos que a definição bíblica para santo é separado. Separado por e para Deus. Nas Escrituras, capa a capa, exaustivamente o povo de Deus é qualificado como santo. Não se vê o nascido de novo como “pecador”. Se você foi remido pelo sangue de Cristo, todos os pecados apagados, vive para Ele em santidade de vida, em comunhão com Deus, logo você está santificado. Não há outro caminho, não tem constrangimento ou engano que nos tire isso. Não é presunção, altivez, ou tolice, mas é só o que a Bíblia afirma. Se há uma carga espiritual, social/histórica, semântica que diz o contrário, que só é santo aquele que viveu piedosamente, operou maravilhas, foi canonizado, etc., isso tem que cair por terra. Vale é que o Pai diz e nos dá como mandamento: “Sede santo porque eu sou santo” (1 Pd 1: 16). Deus não nos daria uma “missão impossível”. É atingível. Real.
Nosso outro termo: pecador. O adjetivo dá uma qualidade contínua ao ser. Significa viver na prática conformista e consciente de atos pecaminosos. O crente pode vir a pecar, está sujeito, como diz em 1 Jo 2: 1  “Se, porém, alguém pecar...” dois termos de condição, possibilidade: “se”, “porém”. A redundância enfatiza. João aborda o assunto e diz que pecador é quem vive na prática do pecado, logo não é santo. Esse equívoco pode ser por conta da confusão por causa da tentação. Não confunda, tentação não é pecado e nem obrigação. A tentação nos indica que podemos estar inclinados, fracos na carne, e por isso devemos estar sempre alertas e fortalecidos em Deus. O próprio Jesus “foi tentado em tudo, mas não pecou jamais”.
Outra pontuação relevante é que o pecado nos separa de Deus, entristece o Espírito, tira a nossa alegria. Somos convencidos disso pelo mesmo Espírito. Davi nos relata sua própria experiência com a sequidão do pecado no Salmo 32, e possivelmente já vivemos isso. Para quem nasceu de novo pecar dói. Se sentir longe de Deus dói no profundo da alma. Se você não está com estes sintomas da enfermidade do pecado então está em plenitude de santidade.
Historicamente está impregnado em nossa mente que somos pecadores e não tem jeito. Fala-se que temos uma natureza pecaminosa. Se é verdade, então não temos culpa, nascemos assim. A responsabilidade não é nossa. Não existe dolo. Pura lógica. Mas a Bíblia fala em Romanos sobre uma inclinação, e não uma obrigação natural. Também não seríamos seres morais. Pecar é uma escolha.
Ter as escamas dos olhos retiradas, os pecados purificados, viver em novidade de vida não condiz com a proclamação conformista: “somos pecadores!!”. Esta atitude é um passo largo ao inferno. É possível obedecer ao mandamento: “sede santos”. É admissível dizermos como Paulo: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo”. Somos santos procurando não pecar. Esse é o padrão!
Faço minha a saudação final de 1 Tessalonicenses 5: 27: “Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os SANTOS irmãos.”
Albanísio A. Ribeiro.

terça-feira, 6 de março de 2012

Obediência Parcial, Rebeldia




                Diligência ao cumprir à vontade de Deus é um ato de sabedoria e amor para com o Reino e para o nosso próprio bem. A obediência tem que ser bem observada para que seja cumprida na íntegra, por completa. Temos no livro de I Reis 13 o caso de um homem de Deus, não citado o nome, que não obedeceu integralmente à ordem específica de levar uma mensagem de repreensão ao rei Jeroboão. O foco central da mensagem foi cumprido, mas ele pecou nos detalhes finais. Obediência parcial não é obediência. Aqui é chamada de rebeldia, e as consequências são desastrosas para aqueles que desdenham de minúcias. Eis uma forte lição dessa triste história de um anônimo e displicente servo do Senhor.
            A nação de Israel acaba de ser dividida, ao sul, Judá, reinando Roboão, ao norte Jeroboão. O povo ir adorar em Jerusalém se torna um perigo à hegemonia de Jeroboão e ele logo cria centros de adoração a ídolos. A mensagem que foi levada pelo profeta desconhecido era: “Um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que queimaram sobre ti o incenso, e ossos humanos se queimarão sobre ti” (v. 2). Logo o rei, enfurecido, estendeu a mão sobre o altar dando ordens para pegá-lo, e sua mão se secou e o altar fendeu-se. Desesperado, pediu ao homem de Deus que orasse para que restituísse sua mão e ele assim o fez e Deus o ouviu. Na sua sagacidade o rei o convidou para um banquete e o homem negou, sendo advertido previamente por Deus: “Não comerás pão, nem beberás água, nem voltarás pelo mesmo caminho por onde fostes”. Rapidamente parece estar resolvida a missão. Até aí tudo perfeito. Parece ter cumprido cabalmente e com muita audácia sua ordem de encarar um corrupto rei. Esse evento poderia ter-se findado ai, mas a missão só acabava com o retorno até Judá e por outro caminho.
            Surge na história agora outro anônimo, o ‘Profeta Velho’, que logo sabendo do ocorrido vai procurar o homem de Deus e o encontra assentado debaixo de um carvalho. Este é o primeiro erro do nosso profeta “novo”: Parou no retorno da missão a fim de folgar. O texto não fala, mas conjecturando, porque parou? Estaria ele como Jonas depois de sua missão, insatisfeito? Ficou ponderando o convite do rei? Voltaria para Judá? Achou que já estava de bom tamanho seu feito? Queria a glória para si e deixar de ser um anônimo? São muitas as possibilidades. Uma coisa é certa, ele fez como Davi quando tirou um tempo de folga no momento errado. Esse profeta velho entra em cena para o teste final do homem de Deus.
            Às vezes somos intrépidos para enfrentar os poderosos, os corruptos, os ímpios, mas quando chega aquele nosso ‘igual’, um profeta, um irmão, ou, no caso de nosso texto, um religioso experiente, barganhamos a nossa incumbência por água e comida, lentilhas e tememos o homem. Isso foi o que aconteceu com o nosso homem de Deus. Aceitou o convite e foi comer e beber na casa do profeta velho, um homem sagaz e mentiroso, igual ou pior que Jeroboão, que disse que foi o próprio Deus que o enviou. Usando de malícia desviou o profeta de sua missão. Temos que respeitar os anciões da fé, mas nem por isso deixar de observar na íntegra o que Deus nos orienta. Bom é o exemplo de Pedro: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” At 5: 29. Não temer a políticos nem a religiosos.
            O homem de Deus parou e aceitou o convite de água e pão. Temeu o profeta velho. Rebelou-se. Foi embora, e no caminho um leão o matou. Diz o texto que transeuntes viram o corpo estendido no chão, o leão e o jumento ao lado. Quando o profeta velho soube logo foi e contemplou a triste e irônica fotografia: O anônimo morto prematuramente estendido no caminho com ainda muita estrada a percorrer a serviço de Deus; um leão que já não estava mais ao derredor, Satanás, mas que foi autorizado a matar o profeta; e o jumento, que fora da lógica, não foi despedaçado, mas estava perdido sem saber a quem servir. Que essa imagem possa ser arquivada em nossa mente como o resumo dessa história e nos sirva de alerta ao nosso chamado.
Pequenos detalhes das ordens de Deus não executados podem trazer o fracasso à missão e até mesmo ceifar a nossa vida e serviço. Quando Deus fala sobre detalhes é porque Ele sabe de todas as coisas, todas as possibilidades. Principalmente àqueles que são novos na caminhada fica essa lição: cumprir à risca as ordens do Senhor e não temer homens. Era só voltar para Judá por outro caminho sem interrupção. Temos que ser diligentes, atentos, rápidos, tementes a Deus. Simples e prudentes. Tchau! Fui! Resolvido. Terminada a missão. Não olhe para direita ou esquerda, nem para trás, mas siga olhando para o alto, para cruz de Cristo.