O choro amargo do arrependimento |
A negação de Pedro ao Cristo - Mt 26:69-75 - é um dos episódios mais populares da Bíblia. O apóstolo, após prometer que de forma
alguma abandonaria o Mestre, que daria a vida por Ele, de repente se
encontra, alertado por um galo, vendo o quão infiel é. A Escrituras
Sagradas não omitem os grandes absurdos cometidos por seus expoentes
personagens simplesmente para mostrar a grande misericórdia do Altíssimo.
Nossas palavras, ou atitudes, tem repetido essas mesmas negativas? Como encontrar
restauração em Deus para nossas intempéries? Vejamos o que se pode tirar de bom
desse infeliz acontecimento.
Negar conhecer um amigo, e
principalmente o Salvador do mundo, é algo que devemos rechaçar enquanto
pessoas da verdade, com hombridade e caráter. Negar aquele que devemos amar
acima de todos é um caminho à escuridão. Mesmo sendo alertado por Jesus, o
grande apóstolo o negou três vezes. Podemos tipificar Pedro como o ser-humano, que
repetidamente nega o seu Criador. Suas negativas parecem ascender progressivamente
na escala do pecado, da blasfêmia. As três vezes também indicam quão reiterados
e obstinados somos na desobediência.
Quando Pedro é indagado sobre sua
identidade em Cristo, ele de forma esperta, se faz de desentendido: “Não sei o
que dizes!” - verso 70. É assim que costumamos fazer nas nossas negativas:
tolos desenformados; bobinhos; inocentes. Não necessariamente na literalidade,
mas nossas atitudes revelam o quanto agimos assim, com o desdém do desenformado:
“Não sei!” Passamos ao largo. Transitamos para neutralidade e nos alienamos do compromisso.
A segunda negativa, por
insistência de um mundo que nos pressiona, é clara e objetiva: “Não conheço tal
homem!” - v. 72. Mais uma vez, insisto em dizer que não é a literalidade que
nos faz necessariamente negarmos. Muitas vezes não verbalizamos, mas nossas
atitudes transmitem uma linguagem límpida e universal. Seja por ação ou
omissão. Quando não observamos os mandamentos, a Palavra, aquilo que agrada o
coração de Deus, o desprezamos com todas as letras da alma.
Diz o texto, verso 74, “começou a
praguejar e a jurar: Não conheço este homem! E imediatamente o galo cantou.”
Por fim, chegou ao ponto máximo: “praguejou e jurou”. Esse foi o ápice da
progressão do seu pecado. Essa repetição, obstinação, o leva a bordear a
blasfêmia. Como Pedro, “o líder falastrão”, achamos que somos os tais em
fidelidade e serviço. Andamos na corda bamba das frases honrosas de efeito
vazio. Boca que honra, mas logo, com um vento qualquer, o nega.
Nas madrugadas do pecado, sempre
haverá um galo de prontidão para explanar nos lugares altos o cântico do
covarde. A consciência, os amigos, sonhos, o Espírito de Deus, circunstâncias
estão aí, para alertar o nosso desprezo ao Criador. Cabe a nós dar ouvidos aos
“galos”, e sair como Pedro, “chorando amargamente” - verso 75. Ainda nos resta
essa atitude honrosa. Comparando com Judas, essa foi a diferença, um choro
amargo de arrependimento, enquanto que o Traidor ficou só no remorso, e se
enforcou.
Após ter ressuscitado, Jesus
encontra-se com aquele que o negou, e por três vezes pergunta se ele o ama
(João 21:15-17). Pedro tem a oportunidade de afirmar que o ama tantas vezes
quanto o negou. O Mestre, sábio e humildemente, ainda pede três vezes para seu
discípulo: “Apascenta minhas ovelhas”. Com essa ministração de amor e
oportunidade, Deus nos socorre nos tropeços, e nos põe em pé para uma nova
caminhada numa estrada intacta. Diante do pecado, nosso Amado procura um choro
amargo e profundo para ministrar cura e restauração. Não hesite em derramar lágrimas
de arrependimento na presença do Pai se for necessário.
“Um coração quebrantado e
contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl 51:17).
Deus abençoe!
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