O evangelho de Marcos registra um fato inusitado com um jovem quando Jesus foi traído e preso de madrugada no jardim do Getsêmani. Diz o texto - 14: 51, 52: “Seguia-o um jovem, coberto unicamente com um lençol, e lançaram lhe a mão. Mas ele, largando o lençol, fugiu desnudo.” Inadequado ao momento, este rapaz largou a única coisa que o cobria para fugir quando tentaram prendê-lo, mas passou por um vexame sem igual. E nós? De alguma forma estamos inadequados em situações que podem nos surpreender? Expor ao ridículo? O que nos ensina essa situação embaraçosa?
Por certo, de forma repentina, em saber do episódio da prisão do Messias, saiu o jovem com rapidez do seu lugar íntimo envolto somente com um simples lençol. Por curiosidade e pressa foi desprevenido e acabou sendo pego de surpresa, passou um grande aperto por ter sua nudez esposta. Não é por ser jovem, ou por ter pressa e curiosidade que as ações devem ser imprudentes, imaturas. Maturidade e prudência não tem haver com idade ou ocasião, mas com sabedoria e bom censo. Medo, covardia e despreparo são um pior tipo de nudez que pode nos humilhar.
Algo semelhante aconteceu com Adão depois de desobedecer a Deus. O Pai o procura e o acha escondido entre as árvores vestido com folhas. Adão responde: “Escondi-me porque estava nu, e tive medo”. Nudez, fuga e medo são frutos do covarde e despreparado.
O discípulo de Cristo não pode agir de maneira tola, desprotegida, envoltos somente num “lençol”. Qual nossa vestimenta para o labutar do dia a dia? Estamos preparados para uma repentina perseguição noturna? Qual nosso traje diante do Senhor dos Exércitos? Efésios 6 nos fala para tomarmos a armadura de Deus: o escudo da fé; o capacete da salvação; a espada do Espírito; os lombos cingidos com a verdade; a couraça da justiça etc. O amor ao mundo, ao pecado, o egoísmo, a falta de busca do Reino revela uma vestimenta frágil que não livrará da vergonha da fuga e nudez. O dia mau certamente virá e poderá nos surpreender.
Como Soldados de Cristo, temos que ser prudentes, vigilantes, sóbrios. Estar bem vestidos e preparados. Não sabemos o que nos aguarda, principalmente nas longas e obscuras madrugadas. Existem muitos "Judas” por aí, macumunados com soldados da escuridão a nossa espreita, maquinando conspirações pelo simples fato de sermos de quem somos. Satanás espera pacientemente por um momento de descuido e fragilidade para “lançar a mão”, e nos expor a ignomínia. A boa vestimenta nos protegerá de qualquer embaraço. Nos protegerá de estarmos desesperados como esse pobre discípulo, nu em fuga.
"... Existem pessoas que, apesar de muita idade não demostram maturidade. Para seguir Jesus, não podemos fazê-lo de maneira tola, desprotegida, despreparada, envoltos unicamente em um “lençol”. Como estamos vestidos para o labutar do dia a dia? Para uma inesperada batalha noturna? Qual o nosso traje diante do Senhor do Exércitos, o Todo-Poderoso?"
ResponderExcluirLi seu texto e me lembrei de um sujeito de pouca instrução, porém de farto conhecimento da lide no campo e perspicaz para perceber ---- ouvira pregadores fazer a mesma coisa --- que diante de um texto pode-se aboletar qualquer coisa que redunde em benefício para a plateia, pouco importando se se ofende ou não ao texto bíblico ou se seu autor originário, no caso do exemplo que contarei, fosse Mateus e o texto canônico. Poderia ser uma analogia espúria aplicada a uma poesia de Carlos Drummond de Andrade. Portanto, não necessariamente apenas aplicado à bíblia. Aliás, ULTIMATO está cheio de artigos desse tipo de leviandade textual. A maioria ali pouco se dá para analisar o quanto se escreve mal sobre textos bíblicos.
Na primeira oportunidade que o nosso pregador rude e do grotão teve, pregou sobre a ENTRADA TRIUNFAL DE JESUS EM JERUSALÉM, o famoso domingo de ramos (Mateus 21), destacando as virtudes de um jumento.
* Insistiu na mansidão do jumento,
* destacou a capacidade de carga,
* indicou que ele não precisa comer muito nem beber muito,
* sua estatura está ao alcance até de uma criança,
* raramente indócil,
* está sempre pronto em atender a seu patrão.
Assim o crente, declarou, sem ofender, claro, posto que se estava lá no texto, o pregador poderia usar como melhor lhe aprouvesse para atingir a platéia carente de uma 'palavra' de conforto.
A ele só faltou dizer que deveríamos ser como jumentos, evidentemente quanto ao espírito deste asinino e não na forma. Certamente muitos escandalizariam com uma construção alegórica como essa. Mas é o que mais se faz. Aqui o escândalo foi por conta da ideia de jumento versus virtudes.
A sua, sobre “lençol”, e a observação de que "...Para seguir Jesus, não podemos fazê-lo de maneira tola, desprotegida, despreparada, envoltos unicamente em um “lençol”..." não foge muito ao padrão, aliás, não foge em nada ao mesmo princípio que o sujeito lá apensou ao texto bíblico: ambos tomaram uma ideia, aproveitaram para fazer alguma ilação, e saíram-se com alguma utilidade ou desafio prático.
Aquele fora de jegue e suas virtudes asininas, seu texto foi de lençol como um forro muito frágil quando dever-se-ia impor uma armadura. Ambos fizeram pouco caso do texto.
Eduardo
Natal/RN
Um desafio:
ResponderExcluir1 - Já que é um "texto bíblico", sagrado, faz melhor. Qual a aplicação desse texto na vida prática? Aposto que nem o conhecia. kkk. "Pouco caso do texto..."
2 - Acertou em cheio, sou escritor na ultimato. Publiquei este artigo lá estes dias. Vai lá e deixa esse mesmo comentário. Aliás, pega mais sutilmente se não num vai ser nem aceito.